sexta-feira, 1 de março de 2013

Eu me rendo...


Neste dia de Vênus, aniversário de Vênus., o amar, torna se mar.... Mar de amor.
É tanto amor que não sei.. São ondas que batem forte, querendo sair, transbordar.... às vezes, o mar bravio, torna-se manso, largo e profundo ... sempre ao sabor da maré...
Seria inútil tentar controlar, sequer tento...Sei que  se me tornar um reservatório, posso me afogar... Então, serei rio, que flui.  Serei mar.... Sereiar
 Quero estar em todo lugar...Um lugar só não basta, uma pessoa só não basta. Quero fazer amor com Deus... Seria uma heresia? Ou seria uma alquimia... O sagrado e o profano, o terreno e o divino, juntos, se amando, se amalgamando, se unindo, se fundindo...
Pergunto o que nasceria deste ato insensato... Minha alma ri, fantasia... Utopia.?
Então fecho os olhos e medito, me dito... silencio e sinto...o pensar, nestas horas, só atrapalha...
Afinal, é só amor...Mas é  tanto amor que meu corpo dói... minha alma quer me escapar pela garganta...
Então me entrego nesta doce rendição...Vem...Dou passagem ao que quiser vir..abro as barragens...Fluo e refluo... Dissolvendo o ego,  amo o amor.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Masculino e o Feminino

O conceito de desenvolvimento  nossa era está intrinsecamente ligado ao conceito de masculino. A forma de convencer, de se mover na sociedade de galgar degraus na vida, de obter lucros e prosperar no mundo corporativo... O  conceito de eficiência não pressupõe nem de longe a emoção ou a intuição...
A geometria do sucesso só é composta de figuras de linhas retas, angulares, cantos vivos...
A circularidade, a curva, os meandros são mal vistos, não são suficientemente objetivos, não são fáceis de controlar...
Porém, bem dentro da psique humana, principalmente da psique da mulher, que tem uma natureza bio-psicologicamente mais complexa, há elementos que não se devem domar, ou controlar sob pena de um ‘efeito rebote’. Este efeito atende pelos nomes de síndrome do pânico, ansiedade, depressão, alergias, enxaquecas, TPM, etc.

A mulher que vence no mundo corporativo precisa se assemelhar ao homem... ser firme dura, donzela de ferro... Este perfil é muito útil, mas deve ser utilizado como uma veste, uma armadura que se pode tirar quando se quer. A mulher poderia ser mais feliz, se pudesse navegar mais livremente pelas várias facetas que precisa assumir na vida, os vários papéis que deve a vida moderna a obriga a desempenhar... E, talvez, só talvez, ela pudesse se despir dessas vestes e ser ela mesma, só de vez em quando...

A mulher que vence no mundo social precisa se assemelhar ao homem... mas deve ser feminina! Deve obedecer os ditames da moda, se apresentar impecável, iguais às outras de sua espécie, de preferência... Deve comprar as mesmas coisas, ter as mesmas medidas, gostar do mesmo penteado... de preferência controlar tudo o que por ventura teimar em ser diferente: cabelos devem ser lisos, porque se forem crespos não se conseguem domar...  tudo deve ser bem comportado, adaptado...
A mulher só poderá ser dona de si, quando puder participar do mundo ‘masculino’ e vestir sua armadura e ‘matar um leão por dia’, e ainda assim conseguir se despir desta armadura, com facilidade e colocar outras vestes...

O arquétipo de guerreira é o mais utilizado pelas mulheres, hoje em dia, mas esta guerreira por vezes sofre... não tem tempo para se curar de suas feridas de batalhas... já não se lembra da última vez que pôde tirar sua armadura e descansar... está em guerra, está sozinha, não dorme direito, precisar vigiar o tempo todo...

Num circulo de mulheres pode-se dividir o fardo, pode-se dormir tranquilamente, pois nos revezamos, vigiando para que nossas companheiras possam descansar...


Segundo a psicologia analítica, arquétipo significa a forma imaterial à qual os fenômenos psíquicos tendem a se moldar.  Jung usou o termo para se referir a estruturas inatas que servem de matriz para a expressão e desenvolvimento da psique.
Para Jung, arquétipo é uma espécie de imagem incrustada profundamente no inconsciente coletivo da humanidade, refletindo-se (projetando-se) em diversos aspectos da vida humana, Jung deduz que as "imagens primordiais" - outro nome para arquétipos - se originam de uma constante repetição de uma mesma experiência, durante muitas gerações. Eles são as tendências estruturantes e invisíveis dos símbolos.. Eles se encontram entrelaçados na psique, sendo praticamente impossível isolá-los, bem como a seus sentidos. Porém, apesar desta mistura, cada arquétipo constitui uma unidade que pode ser apreendida intuitivamente.
A mulher possui alguns arquétipos, a Mãe, a Filha, a Guerreira, a Selvagem, a que conversa com Deus, a Amante, a Esposa.

Mesmo sem saber, sem conhecer os arquétipos, reproduzimos os seus padrões...e as vezes a parte mais negativa destes padrões... A Mãe tipo mater dolorosa, a filha rebelde ou a filha submissa e carente, a Guerreira ferida, a Esposa traída ou desconfiada, a Amante explorada ou vítima de preconceito...

Para um desenvolvimento psicológico saudável é essencial que estes arquétipos sejam visitados, vivenciados, curados... E, um circulo de mulheres é um lugar seguro para a vivência de todos estes papéis... e a troca de experiência é muito rica.

A Guerreira deve dar lugar à Mãe ou à Amante, sem prejuízo de uma ou de outra... Assim a mulher torna-se completa, plena, inteira e consegue acordar em si outro arquétipo muito importante, que é o Arquétipo da Rainha de seu próprio Reino... e tomar posse de sua coroa e seu manto e seu cetro...

Isto é o que se vivencia num circulo de mulheres...
E então, completa e inteira, a mulher pode lançar mão de sua armadura de Guerreira e lutar com destreza e eficiência todas as batalhas que precisar, ou quiser, em nome de sua verdade, não para satisfazer ao sistema...







domingo, 7 de outubro de 2012

Maria e a Terra



Maria nasceu mulher... No começo não sabia ainda o que isto significaria. Mas não tardou a ouvir os insistentes dizeres: 'Feche as pernas! Menina não se senta assim!' 'Comporte-se como um moça.' 'Seja mais meiga.', 'Grávida? Sinto muito, não podemos admiti-la'...E mais: salários mais baixos, dupla jornada de trabalho, desrespeito, piadas e assédio...

Conforme foi crescendo, percebeu algo estava errado, e não entendia porque às vezes os ataques vinham inclusive de outras mulheres! 'Aquelazinha, está dando em cima do meu namorado' 'Aff... Chefe mulher? Ninguém merece'... Às vezes, não eram ataques propriamente ditos, mas apenas comentários que refletem falta de visão:  'É minha filha, mulher sofre...é assim mesmo, acostume-se...' ' Ai, amiga, porque você não faz com eu e pára de menstruar, menstruação é um estorvo...'

Mas, a despeito de tudo, Maria cresceu e  resistiu a tudo isso. E apesar da dor de cada ataque, gosta de ser mulher. Talvez porque no fundo saiba que não precisa ser assim... E, estudou Jung, Jean Shinoda Bolen, Clarissa Pinkola Estés, e leu muitos outros autores e descobriu que havia outras que pensam igual a ela, que sabem que algo pode ser feito e que não é queimando sutiãs que as mulheres serão vistas como os seres maravilhosos que são, com sonhos, particularidades e necessidades tão próprias... Elas sabem que a igualdade não existe, porque homens e mulheres não são iguais, mas devem ter, sim suas diferenças respeitadas...e celebradas.

Então viu que  há outras como ela em toda a parte do globo. E se juntam! Se reúnem, não mais em redutos feministas, destinados à resistência ou ao ataque. Mas em círculos, onde possam conversar, mostrar as suas fraquezas e virtudes, celebrar o Feminino Sagrado, o atributo feminino presente não só na mulher, mas também no homem (mesmo que muitos não o aceitem!),  usando a arte como forma de expressão, reverenciando o Belo, o Amor em todas as suas faces, amor de irmã, de amiga, de amante, de filha e  de mãe.Para curar todas as feridas que não são apenas dela, mas de todas as outras mulheres de hoje e de ontem, que tem sofrido por vários milênios de dominação patriarcal, de violência, de desrespeito e de preconceito.... Inquisição, mutilação sexual de cunho religioso e tantas outras barbaridades. 

É que elas sabem que num círculo de mulheres o tempo parece parar e,  ao repetir o gesto tão ancestral de sentar ou dançar em círculos, assim como as índias o faziam, de alguma forma trazem paz e amor àquelas que precisam de amor e cuidados. 

Ela aprendeu que o que está em cima é como o que está em baixo e o que está fora é como o que está dentro. E entendeu que quando reverencia o atributo feminino na Mãe Natureza, ela está reverenciando a si própria, sua filha. Aliás, estas feridas não são só das mulheres, mas da própria Mãe Terra, que como um ser feminino e receptivo sofre com a dominação e exploração desenfreada  sem que sua natureza seja respeitada, para saciar a gana por riquezas... Coincidência, não?

Coincidência que tanto a Mãe Terra como suas filhas compartilham de todos estes atributos femininos. Com Maria não é diferente. Assim como a Terra, que tem a primavera, o verão, o outono e o inverno, ela também foi Menina, Mãe, é hoje Mulher Madura e um dia será Anciã. Assim como a Terra, que acolhe a semente e dá à luz flores e frutos, ela também um dia acolheu em seu ventre a semente da vida e deu à luz filhos e filhas. Assim como a Terra, ela também fica úmida para mostrar sua fertilidade e é  receptiva por natureza. 

E por tudo o que aprendeu e vivenciou, Maria  finalmente se curou de toda a dor, de toda a mágoa que certamente a faria amarga quando fosse velha...enfim ela entende que já tem dentro de si a Velha Sábia, a Mãe Nutriz, e a Menina Espontânea e mostra cada uma destas faces várias vezes por dia...e pode assim sorrir, e seu sorriso tem um brilho tão fulgurante que seduz a tudo e a todos... Sorriso capaz de seduzir a própria Vida! 


Este vídeo mostra com beleza e poesia uma coisa muito simples, mas muito difícil de ser encarada: os cultos se repetem, seja porque as Forças Arquetípicas são sempre as mesmas, até porque refletem as necessidades humanas não importando o tempo e o lugar, seja porque sempre há uma forma de se rebelar contra a pior das violências: a dominação religiosa.  Assim, vejam as incríveis semelhanças entres os epítetos de Afrodite e os atributos de Maria...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Instante

Neste instante, breve instante, me ponho a admirar, amar, a adorar... cuidadosamente... cabelos, olhos, boca... Cada ínfimo milímetro de pele... Talvez para ter certeza de que está lá tudo o que outrora certamente já foi bem meu - o teu corpo - o mesmo sabor, perfume e maciez. Daí, este instante toma forma de horas ou dias, e eu - inteira num tempo fora do tempo - estou plena de ti. Todos os encaixes perfeitos: boca, braços, pernas... sexos.... Ah, festival de vontades, desejos, deleites... e mais perfume e mais sabor e mais sensações...re encontro cheio de encanto e magia, corpo e alma, envolvendo-nos numa espiral sem fim... E, por ser este instante tão breve, mágico e precioso, quero que saibas que tudo o que me assombra já ficou lá fora, que não sei onde esse caminho vai dar, mas me entrego de olhos vendados e coração aberto. E mesmo que a chave não tenha dado todas as voltas que abrem escancaradamente a porta para o extasiante deleite que minha alma tão intensamente goza, disto já não me ocupo... Pois, a unica certeza que tenho é que nada importa além deste instante...

sábado, 30 de junho de 2012

Alma faminta

Necessidade de me dar...
deixar vazar esse transbordo
que de tanto amor escorre
e vai fluir para algum lugar

Quero que o sorva em goles lentos
na ilusão, talvez, de te fazer sentir
neste néctar, que insiste em gotejar,
o gozo que me vem invadir

que você venha, fico a esperar
de colher em colher
colher e se lambuzar...

Sonho

Para ti, quero ser o sonho,
o intangível, o ilusório
a fantasia da liberdade...
quero que te percas nos meandros
do meu corpo e da minha mente
com minhas indagações difíceis
que te fazem visitar lugares em ti
que talvez nem suspeitavas existir...
quero que te abandones
nesta embarcação incerta
para, ao se perder, algo encontres
que te mostre a beleza, o brilho, o gozo...
da magia do agora no meio da mesmice do sempre...