sábado, 31 de dezembro de 2011

Ano Novo, novos começos

Mais um ano se passou... Desta vez tão rápido que me deu a impressão de não ter sequer saído do lugar. Porém, muito aconteceu, mudei muito, muita coisa mudou. Finalmente percebi que não reagir e esperar as coisas mudarem por si só não estava surtindo muito efeito.

 Porém, tomar coragem e efetivamente mudar aquilo que não nos agrada é difícil, dá trabalho e muito medo. Este momento me faz pensar na carta 'A Morte' do tarot - morte enquanto mudança. Ao longo de nossa vida, todo o tempo, a Morte, sob forma de transformação, nos espreita.

Quando nascemos, morremos para a vida uterina, quando viramos pais, deixamos de ser filhos, ao casarmos, a vida de solteiro tem que morrer.. é uma espécie de morte, morremos para um antigo estado de coisas para que o novo possa surgir. É como se estivéssemos andamos numa trilha ao longo da encosta de um morro e, ao agarramos às raízes das árvores que se tornam aparentes, para continuarmos andando, temos que soltá-la para agarrarmos outra raiz mais adiante. É um momento angustiante, pois estamos descobertos, vulneráveis e qualquer escorregão pode ser fatal...

 Estou num momento como este e não é fácil aceitar a minha própria vulnerabilidade. Aceitar a mim mesma como um ser frágil, temeroso e inseguro. É quase inevitável não olhar para trás e pensar que agarrar novamente aquela raiz que acabei de soltar parece a alternativa mais segura e um tanto atraente. 

Mas, não. Recuso-me a voltar... Vou aguentar firme, com coragem. Dia virá em que chegarei a uma parte do caminho em que não precisarei segurar em nenhuma raiz e poderei caminhar com segurança por entre arvores centenárias e flores multicoloridas, rodeada de borboletas e beija-flores. Enquanto isso não acontece, decido ter coragem e enfrentar as dificuldades, certa de que mereço ser feliz.

 Ano Novo sugere finalizações e recomeços... novas formas de fazer as coisas... promessas que fazemos a nós mesmas e que nos esforçaremos para cumpri-las. Gosto de recomeços, gosto de oportunidades para fazer diferente, de tentar mais uma vez, com certeza no coração que tudo dará certo desta vez. Espero que você tenha coragem para recomeçar tudo de novo, ou para continuar, ou para parar, enfim, coragem para não deixar as coisas que não funcionam ficaram como estão. Então, coragem! Você pode! Eu acredito em você! Feliz 2012!!!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O arquétipo da guerreira

Desde quando idealizei este blog, queria escrever para o feminino... queria curar o meu feminino e, claro ajudar a curar as feridas das minhas irmãs. Eu não tinha certeza de como fazê-lo e, como eu havia lido a obra de Shirley Foster com os 4 arquétipos femininos de Toni Wolff e comentar sobre a minhas iniciações , ou pequenas curas vivenciadas nestes arquétipos. Quero lançar o meu olhar nestes 4 arquétipos antes de me lançar em outro assunto. Visitei o arquétipo da Mãe, o arquétipo da Amante (Hetaira), e agora quero entrar nos domínios da Guerreira (Amazona)... No universo feminino temos muitos exemplos desse arquétipos para ser analisado, contemplado, identificado e até copiado... Eles vem em todas as cores e tamanhos... Boudicca e Maeve, duas rainhas Celtas que eu quero comentar, Joana D'Arc, heroína católica, Artemis, Atena do panteão grego; Iansã, da cultura yoruba... Até Afrodite Areia, ou Victrix - dois epitetos guerreiros de Afrodite, a Deusa do Amor. Aliás as Deusas do Amor tendem a ser também Deusas da Guerra, já que o amor e a guerra, ou amor e ódio, são dois lados de uma só e única moeda. De espada na mão e muita coragem e fúria no olhar, elas dão o seu grito de guerra e metem medo até no mais temível inimigo. Eu pesquisei primeiro a Rainha Boudicca e me emocionei com sua força. Descobri o quanto deste arquétipo existe em mim. Boudicca, a rainha do povo Iceni, um dos mais corajosos povos Celtas, de fato viveu nos primeiros anos depois de Cristo, quando o exército romano decidiu, pela segunda vez, conquistar a ilha onde hoje se encontra a Grã Bretanha. Ela não aceitou o jugo romano e liderou seu povo e alguns outros povos que aceitaram juntar-se a ela, lutando com bravura, resistindo, com poucas armas, por dois longos anos à mais poderosa força bélica daquele tempo. De tanta bravura, ela recebeu uma estátua próximo ao pier de Westminster, na Inglaterra. Um filme retrata a sua vida - A rainha da Era de Bronze - inspira e motiva. Principalmente por se tratar de uma estória real, documentada e verídica. O único detalhe é que a história universal a retrata como uma sanguinária, psicopata, mas o filme empresta a voz ao lado Celta, e a mostra como uma mulher destemida que dá sua vida pela causa de seu povo, não sem antes mostrar a força de sua espada. No filme ela luta, enfurecida; é sexy, seduz e ama; e ainda é mãe com a mesma maestria, me mostrando que o feminino pode ser forte, o suficiente consegue unir todas as faces numa só pessoa...e continuar feminino! Eu aprendi algumas lições ao assistir o filme. Suas palavras não saíram da minha mene por mais de uma semana e, por isso, honrei Boudicca, como honro minhas próprias antepassadas. Gostaria de compartilhar o que aprendi aqui: A primeira coisa que aprendi foi: "Não há nada que te façam que possa te machucar...mesmo que o teu corpo seja corrompido e tuas posses te sejam tiradas, o teu espírito e tua força, não se quebram, pois são teus... SÓ TU PODES QUEBRAR A TUA PRÓPRIA FORÇA, ninguém mais... A segunda lição que Boudicca me ensinou: TODOS OS HOMENS MORREM E TODAS AS MULHERES MORREM... NOSSA VIDA SE ACABA NUM INSTANTE. SOMOS COMO PASSAROS QUE SAEM DA ESCURIDÃO, ENTRAM NUM TUNEL ILUMINADO. Mas nesse breve instante podemos fazer coisas grandiosas... Podemos nos fazer lembrados para sempre... E pela nossa Grande Mãe, a Deusa.... nós vamos fazê-lo! E se esta for nossa última noite, amaremos e gozaremos e beberemos e comeremos e nos alegraremos.... em gratidão a vida... com muita, muita paixão... e também da mesma forma, a cada vitória, amaremos nossos homens na cama de nossos inimigos, e cantaremos e dançaremos e beberemos com a mesma gratidão a vida e à Grande Mãe... Mas..... no dia da batalha pintaremos nossos rostos, trançaremos nossos cabelos e nos vestiremos no melhor estilo guerreiro para nos divertir... Então faço minhas as palavras de Boudicca, que podem ser repetidas a cada vez que nosso arquétipo de Guerreira precisa entrar em ação, para por limites, e proteger nossa criança interior: "Hoje minhas bravas e corajosas irmãs guerreiras, hoje vamos enfrentar o exército inimigo. Eles são fortes, mas nós somos ainda mais fortes do que eles. A riqueza e as armas deles não vão protegê-los. Nada se compara à valentia de nossos corações, à nossa paixão, à nossa coragem... Eles nunca serão como nós. Mesmo se estiverem na ponta da espada do inimigo, olhe no fundo dos olhos dele e ria, pois ele nunca vai poder te matar... Pois não podemos morrer...mesmo derramando o nosso sangue nós continuaremos vivendo no lugar que é nosso, segundo nossos ideais e nossas crenças, celebrando o passado com nossos ancestrais , e alcançando o futuro com nossas crianças... Somos parte umas das outras, sempre e eternamente...Não podemos perder. A Vitória é nossa. Sabemos do nosso valor. ISTO É ESTAR VIVO..."

domingo, 18 de dezembro de 2011

A necessidade é a mãe de todas as virtudes.

Precisar de algo ou alguém, por si só, já me fazia tremer... Me dava a sensação de impotência, de perda de controle. Talvez por tudo aquilo que já tinha ouvido dos mais velhos: não dá mole, não. Senão você vai ficar na mão do outro...Cuidado... vão te fazer sofrer...depois não vai dizer que eu não te avisei. Bem, eu sempre fui muito boa aluna, boa filha, boa neta... super obediente, e queria muito ser amada por isso... O resto já fica obvio. Eu fiz exatamente como me ensinaram. Não questionei nem um pouquinho. Claro, era fácil, comodo... Morno, sem graça, sim, mas bem confortável. Isso não dava para negar. Só que aí o tempo foi passando e a necessidade de segurança foi dando lugar a um desejo de viver... pois o tempo passa para todo mundo e quando se olha para trás e vê-se que já se passou a mesmo número de anos que se tem à frente, considerando a expectativa de vida de um brasileiro mediano... bom aí o bicho pega. Aí não dá para encarar a vida como uma coisa que nunca vai acabar. Por que um dia acaba. Daí resolvi, criar coragem e mudar. Dar um chute em tudo que parecia morno e sem graça e vivenciar aquilo que faz meu coração vibrar e dizer UAU! e ir em busca do meu sonho, "Follow my bliss" , parafraseando Campbell.Bem crise de meia idade. Mas, antes tarde do que nunca. Fácil não tem sido, aliás, é tudo o que NÃO tem sido. Mas tem sido muito gostoso. Muito gostoso,mesmo. Só que eu descobri uma coisa, uma coisinha bem pequena. O prazer e o tesão são diretamente proporcionais ao medo, ao se estar na corda bamba, à perspectiva de se perder aquilo que se tem. E isso muda tudo. Porque, para uma pessoa que fugiu de dizer EU PRECISO DE VOCÊ, e quis ter o controle da situação... este prazer é estonteante, mas o medo é alucinante e a dor, excruciante. É muito bom, mas a gente sofre na mesma proporção... Vale a pena? Que pergunta... CLARO que vale, cada minuto. Mas a perspectiva de se ter o coração dilacerado é avassaladora. É muito interessante ter uma visão filosófica da paixão aos 40. Sem tê-la vivido direito aos 20. Você tem uma visão mais clara, mas nem por isso dói menos. Bem, tenho aprendido muito e gostaria de poder compartilhar um pouco disso... Talvez ajude alguém a se soltar... Eu sei que isso é obvio. Mas o óbvio vivenciado, empírico, e não aceito como verdade, tem um gosto diferente. Os dias tem mais colorido, Vinícius de Morais nunca fez tanto sentido, e eu nunca tive tanto medo... mas também, nunca me senti tão viva. E isso vale para tudo: Não só para um grande amor, uma paixão, mas também para uma nova carreira, um novo emprego, um novo projeto, qualquer coisa... Daí eu evoco todos os que lerem este texto. Não deixe a certeza das coisas te convencer, toldar a tua visão e te fazer covarde. Busque seu sonho, tente... ao menos pense nisso... Eu estarei aqui torcendo por você!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Arquétipo da Amante - Ir até o outro sem nos perder de nós

Toda mulher dentro de si tem uma Helena. A Helena de Tróia capaz de causar furor, de seduzir, de ordenar apenas com um olhar. Aquela que é dona de si e que tem consciência desse poder. O problema que nem todas as mulheres entram em contato com essa Helena, com essa parte da psique onde se encontra o destemido, o escandaloso, o sedutor. Temos medo. Dá trabalho. Pode ser perigoso. Então respiramos fundo, enfiamos os sapos de novo goela abaixo e, continuamos a caminhar de cabeça baixa, esperando por algo ou alguém que nos ajude. E a ajuda invariavelmente não vem.
Conheço muitas assim... E esse sentimento que não é posto para fora, que não é vivenciado começa a "encruar" e vai causando medo, paralisia e tristeza. Então o próximo passo é começar a reclamar de tudo e de todos,  ficando amarga e triste e difícil de conviver...
Algumas, de tanto medo de assumir este lado e de errar, entregam o poder de suas vidas para o primeiro que aparece e daí a desgraça se abate. Porque na metade do caminho o salvador da pátria começa a fazer como bem entende e 'não era  para ser assim'...
Embora eu queira aqui convencer a cara leitora de que a melhor coisa que ela tem a fazer na vida é retomar este poder, caso o tenha perdido,  ou não entregá-lo à ninguém , eu queria dizer que não é tão fácil assim.
A independência é cara. E as vezes pode causar dor.
A psique feminina é tão bonita, tão sofisticada, mas tão complexa... A gente quer ser independente, mas quer ser carregada no colo, quer igualdade mas quer colo e mimo mesmo podendo dar conta de tudo sozinha. Que a gente merece tudo isso, eu não tenho dúvida, mas o difícil é comunicar tudo isso. E ter tudo isso quando queremos e da forma que sonhamos...
Além disso tem outro problema... poder fazer tudo sozinhas nos dá um senso de urgência, que torna difícil, quase impossível, esperar o tempo do outro... Ah, o tempo do outro. Muito difícil medir o tempo do outro. Parece a órbita de outro planeta...
Então, para usar bem o Arquétipo da Amante, para encontrarmos nossa Helena interior, temos que ser destemidas e  indomáveis, sim, mas temos também que ter a justa medida do tempo do outro. Isso tudo sem nos perdermos de nós...
Difícil, né? Mas não tem lanchinho grátis, não. É andar no fio da navalha...
A paixão leva a dois caminhos, a servidão ou o descompasso. Para ficar de verdade e gozar dos benefícios do amor, não podemos perder de vista quem somos.
Esta façanha corresponde, no mito Eros e Psique, à primeira tarefa que Afrodite dá a Psique, para que ela reconquiste seu amado Eros... Separar uma montanha de sementinhas misturada em pequenos montes, bem separadinho...
Claro que Psique recebe ajuda de formigas para realizar esta tarefa. Não tenho a menor ideia a que correspondem as formigas, na vida real. Mas posso dizer de cátedra que quando nos dispusermos a descobrir onde terminamos e onde começa o outro, o universo conspirará a nosso favor.
É preciso parar de exigir que o outro satisfaça nossas necessidades. Temos de dar a nós mesmos o que precisamos, o que queremos. O presente, o cuidado, a atenção o carinho. Não há outro jeito...
"Ah, mas assim não tem graça, se é para eu fazer tudo, então deixa que eu faço..." :você pode dizer.
Bem, o pulo do gato aqui é que quando estamos saciados em nossa necessidades temos mais calma de entender como funciona o 'tempo do outro'. Daí temos a serenidade de aguardar, de curtir a espera, de gozar no final.
Facil? De jeito nenhum... Mas ninguém te disse que seria fácil...

Mas se isso for de alguma ajuda, estamos juntas nessa, eu estou no mesmo barco que você...

Mas nem por isso você vamos deixar de procurar por nossa Helena... de dar a ela o que ela precisa... porque  quando ela se encontrar com seu amante Páris... Ahhh! Não vai ter pra ninguém..