domingo, 16 de dezembro de 2012

Masculino e o Feminino

O conceito de desenvolvimento  nossa era está intrinsecamente ligado ao conceito de masculino. A forma de convencer, de se mover na sociedade de galgar degraus na vida, de obter lucros e prosperar no mundo corporativo... O  conceito de eficiência não pressupõe nem de longe a emoção ou a intuição...
A geometria do sucesso só é composta de figuras de linhas retas, angulares, cantos vivos...
A circularidade, a curva, os meandros são mal vistos, não são suficientemente objetivos, não são fáceis de controlar...
Porém, bem dentro da psique humana, principalmente da psique da mulher, que tem uma natureza bio-psicologicamente mais complexa, há elementos que não se devem domar, ou controlar sob pena de um ‘efeito rebote’. Este efeito atende pelos nomes de síndrome do pânico, ansiedade, depressão, alergias, enxaquecas, TPM, etc.

A mulher que vence no mundo corporativo precisa se assemelhar ao homem... ser firme dura, donzela de ferro... Este perfil é muito útil, mas deve ser utilizado como uma veste, uma armadura que se pode tirar quando se quer. A mulher poderia ser mais feliz, se pudesse navegar mais livremente pelas várias facetas que precisa assumir na vida, os vários papéis que deve a vida moderna a obriga a desempenhar... E, talvez, só talvez, ela pudesse se despir dessas vestes e ser ela mesma, só de vez em quando...

A mulher que vence no mundo social precisa se assemelhar ao homem... mas deve ser feminina! Deve obedecer os ditames da moda, se apresentar impecável, iguais às outras de sua espécie, de preferência... Deve comprar as mesmas coisas, ter as mesmas medidas, gostar do mesmo penteado... de preferência controlar tudo o que por ventura teimar em ser diferente: cabelos devem ser lisos, porque se forem crespos não se conseguem domar...  tudo deve ser bem comportado, adaptado...
A mulher só poderá ser dona de si, quando puder participar do mundo ‘masculino’ e vestir sua armadura e ‘matar um leão por dia’, e ainda assim conseguir se despir desta armadura, com facilidade e colocar outras vestes...

O arquétipo de guerreira é o mais utilizado pelas mulheres, hoje em dia, mas esta guerreira por vezes sofre... não tem tempo para se curar de suas feridas de batalhas... já não se lembra da última vez que pôde tirar sua armadura e descansar... está em guerra, está sozinha, não dorme direito, precisar vigiar o tempo todo...

Num circulo de mulheres pode-se dividir o fardo, pode-se dormir tranquilamente, pois nos revezamos, vigiando para que nossas companheiras possam descansar...


Segundo a psicologia analítica, arquétipo significa a forma imaterial à qual os fenômenos psíquicos tendem a se moldar.  Jung usou o termo para se referir a estruturas inatas que servem de matriz para a expressão e desenvolvimento da psique.
Para Jung, arquétipo é uma espécie de imagem incrustada profundamente no inconsciente coletivo da humanidade, refletindo-se (projetando-se) em diversos aspectos da vida humana, Jung deduz que as "imagens primordiais" - outro nome para arquétipos - se originam de uma constante repetição de uma mesma experiência, durante muitas gerações. Eles são as tendências estruturantes e invisíveis dos símbolos.. Eles se encontram entrelaçados na psique, sendo praticamente impossível isolá-los, bem como a seus sentidos. Porém, apesar desta mistura, cada arquétipo constitui uma unidade que pode ser apreendida intuitivamente.
A mulher possui alguns arquétipos, a Mãe, a Filha, a Guerreira, a Selvagem, a que conversa com Deus, a Amante, a Esposa.

Mesmo sem saber, sem conhecer os arquétipos, reproduzimos os seus padrões...e as vezes a parte mais negativa destes padrões... A Mãe tipo mater dolorosa, a filha rebelde ou a filha submissa e carente, a Guerreira ferida, a Esposa traída ou desconfiada, a Amante explorada ou vítima de preconceito...

Para um desenvolvimento psicológico saudável é essencial que estes arquétipos sejam visitados, vivenciados, curados... E, um circulo de mulheres é um lugar seguro para a vivência de todos estes papéis... e a troca de experiência é muito rica.

A Guerreira deve dar lugar à Mãe ou à Amante, sem prejuízo de uma ou de outra... Assim a mulher torna-se completa, plena, inteira e consegue acordar em si outro arquétipo muito importante, que é o Arquétipo da Rainha de seu próprio Reino... e tomar posse de sua coroa e seu manto e seu cetro...

Isto é o que se vivencia num circulo de mulheres...
E então, completa e inteira, a mulher pode lançar mão de sua armadura de Guerreira e lutar com destreza e eficiência todas as batalhas que precisar, ou quiser, em nome de sua verdade, não para satisfazer ao sistema...







domingo, 7 de outubro de 2012

Maria e a Terra



Maria nasceu mulher... No começo não sabia ainda o que isto significaria. Mas não tardou a ouvir os insistentes dizeres: 'Feche as pernas! Menina não se senta assim!' 'Comporte-se como um moça.' 'Seja mais meiga.', 'Grávida? Sinto muito, não podemos admiti-la'...E mais: salários mais baixos, dupla jornada de trabalho, desrespeito, piadas e assédio...

Conforme foi crescendo, percebeu algo estava errado, e não entendia porque às vezes os ataques vinham inclusive de outras mulheres! 'Aquelazinha, está dando em cima do meu namorado' 'Aff... Chefe mulher? Ninguém merece'... Às vezes, não eram ataques propriamente ditos, mas apenas comentários que refletem falta de visão:  'É minha filha, mulher sofre...é assim mesmo, acostume-se...' ' Ai, amiga, porque você não faz com eu e pára de menstruar, menstruação é um estorvo...'

Mas, a despeito de tudo, Maria cresceu e  resistiu a tudo isso. E apesar da dor de cada ataque, gosta de ser mulher. Talvez porque no fundo saiba que não precisa ser assim... E, estudou Jung, Jean Shinoda Bolen, Clarissa Pinkola Estés, e leu muitos outros autores e descobriu que havia outras que pensam igual a ela, que sabem que algo pode ser feito e que não é queimando sutiãs que as mulheres serão vistas como os seres maravilhosos que são, com sonhos, particularidades e necessidades tão próprias... Elas sabem que a igualdade não existe, porque homens e mulheres não são iguais, mas devem ter, sim suas diferenças respeitadas...e celebradas.

Então viu que  há outras como ela em toda a parte do globo. E se juntam! Se reúnem, não mais em redutos feministas, destinados à resistência ou ao ataque. Mas em círculos, onde possam conversar, mostrar as suas fraquezas e virtudes, celebrar o Feminino Sagrado, o atributo feminino presente não só na mulher, mas também no homem (mesmo que muitos não o aceitem!),  usando a arte como forma de expressão, reverenciando o Belo, o Amor em todas as suas faces, amor de irmã, de amiga, de amante, de filha e  de mãe.Para curar todas as feridas que não são apenas dela, mas de todas as outras mulheres de hoje e de ontem, que tem sofrido por vários milênios de dominação patriarcal, de violência, de desrespeito e de preconceito.... Inquisição, mutilação sexual de cunho religioso e tantas outras barbaridades. 

É que elas sabem que num círculo de mulheres o tempo parece parar e,  ao repetir o gesto tão ancestral de sentar ou dançar em círculos, assim como as índias o faziam, de alguma forma trazem paz e amor àquelas que precisam de amor e cuidados. 

Ela aprendeu que o que está em cima é como o que está em baixo e o que está fora é como o que está dentro. E entendeu que quando reverencia o atributo feminino na Mãe Natureza, ela está reverenciando a si própria, sua filha. Aliás, estas feridas não são só das mulheres, mas da própria Mãe Terra, que como um ser feminino e receptivo sofre com a dominação e exploração desenfreada  sem que sua natureza seja respeitada, para saciar a gana por riquezas... Coincidência, não?

Coincidência que tanto a Mãe Terra como suas filhas compartilham de todos estes atributos femininos. Com Maria não é diferente. Assim como a Terra, que tem a primavera, o verão, o outono e o inverno, ela também foi Menina, Mãe, é hoje Mulher Madura e um dia será Anciã. Assim como a Terra, que acolhe a semente e dá à luz flores e frutos, ela também um dia acolheu em seu ventre a semente da vida e deu à luz filhos e filhas. Assim como a Terra, ela também fica úmida para mostrar sua fertilidade e é  receptiva por natureza. 

E por tudo o que aprendeu e vivenciou, Maria  finalmente se curou de toda a dor, de toda a mágoa que certamente a faria amarga quando fosse velha...enfim ela entende que já tem dentro de si a Velha Sábia, a Mãe Nutriz, e a Menina Espontânea e mostra cada uma destas faces várias vezes por dia...e pode assim sorrir, e seu sorriso tem um brilho tão fulgurante que seduz a tudo e a todos... Sorriso capaz de seduzir a própria Vida! 


Este vídeo mostra com beleza e poesia uma coisa muito simples, mas muito difícil de ser encarada: os cultos se repetem, seja porque as Forças Arquetípicas são sempre as mesmas, até porque refletem as necessidades humanas não importando o tempo e o lugar, seja porque sempre há uma forma de se rebelar contra a pior das violências: a dominação religiosa.  Assim, vejam as incríveis semelhanças entres os epítetos de Afrodite e os atributos de Maria...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Instante

Neste instante, breve instante, me ponho a admirar, amar, a adorar... cuidadosamente... cabelos, olhos, boca... Cada ínfimo milímetro de pele... Talvez para ter certeza de que está lá tudo o que outrora certamente já foi bem meu - o teu corpo - o mesmo sabor, perfume e maciez. Daí, este instante toma forma de horas ou dias, e eu - inteira num tempo fora do tempo - estou plena de ti. Todos os encaixes perfeitos: boca, braços, pernas... sexos.... Ah, festival de vontades, desejos, deleites... e mais perfume e mais sabor e mais sensações...re encontro cheio de encanto e magia, corpo e alma, envolvendo-nos numa espiral sem fim... E, por ser este instante tão breve, mágico e precioso, quero que saibas que tudo o que me assombra já ficou lá fora, que não sei onde esse caminho vai dar, mas me entrego de olhos vendados e coração aberto. E mesmo que a chave não tenha dado todas as voltas que abrem escancaradamente a porta para o extasiante deleite que minha alma tão intensamente goza, disto já não me ocupo... Pois, a unica certeza que tenho é que nada importa além deste instante...

sábado, 30 de junho de 2012

Alma faminta

Necessidade de me dar...
deixar vazar esse transbordo
que de tanto amor escorre
e vai fluir para algum lugar

Quero que o sorva em goles lentos
na ilusão, talvez, de te fazer sentir
neste néctar, que insiste em gotejar,
o gozo que me vem invadir

que você venha, fico a esperar
de colher em colher
colher e se lambuzar...

Sonho

Para ti, quero ser o sonho,
o intangível, o ilusório
a fantasia da liberdade...
quero que te percas nos meandros
do meu corpo e da minha mente
com minhas indagações difíceis
que te fazem visitar lugares em ti
que talvez nem suspeitavas existir...
quero que te abandones
nesta embarcação incerta
para, ao se perder, algo encontres
que te mostre a beleza, o brilho, o gozo...
da magia do agora no meio da mesmice do sempre...

Love quiz...

Quis saber como tu amas,
para de ti me servir melhor
quis dizer como amo
para a ti servir melhor.
No jogo do amor,
onde a realeza se curva
à plebe,
e a divindade suprema
à sua própria criatura se entrega,
ambos se derretem, para assim
no presente. Estar presente,
se dar como um presente,
na brevidade do momento, a eternidade...

Amo

Flor, pedra e montanha
menino, menina, gente
sorrisos, abraços, 
toques...
Me vejo mais claramente
quando me derreto no outro 
e deixo de ser eu...

Minha boca pelo teu ser...



Me da tua boca,
Dizes...
Mas, eu louca na tua boca
me encho
não por me sentir oca,
mas por querer
tudo...
E ao tomar-lhe
naquele momento, tenho...
mais do que pediste
teu sol, teu calor
teu ser...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Pé ante pé...


Antes era um pé atrás do outro, todos os dois distraídos... Talvez quisessem ter vida própria e se separar do resto do corpo... Queriam coisas...talvez quisessem independência...talvez.
De repente, tiveram o que quiseram. Os fios que os seguravam e os prendiam ao corpo se romperam... Muita dor, muita. Afinal todas as rupturas são doloridas. E o corpo todo chorou. Mas eles, não... Era isso que queriam, não? E assim o tiveram.
No começo a raiva, depois a resignação... Afinal, não era para ser assim! Deveria ser mais divertido...
Mas o tempo tem o dom de mostrar tudo o que estava escondido, e pouco a pouco, e eles viram tudo... Não que estivessem errados, não... Mas finalmente perceberam que podiam convencer o corpo a acompanhá-los... Quem sabe o corpo pudesse finalmente entender não era tão perigoso como parecia... Afinal, não tinham nada a perder. Era a única chance que tinham.
Então começou a discussão. Os pés foram alvejados por mil perguntas e receberam toda sorte de críticas: Vocês estão ficando loucos? O que os outros vão pensar? Não vai ser fácil! Não sei se damos conta... E o futuro? E as coisas que vamos perder? E a segurança?
Foram longas noites de conversas, meditações, conjecturas... Então deu-se o milagre: do pensamento puro, migraram, o corpo e os pés, para o sentimento e finalmente ouviram a voz do coração e do ventre que até aquele momento não haviam se pronunciado.
O coração e o ventre, bem no íntimo, concordavam com os pés, mas a verdade tinha que ser dita: acharam que tinha sido muita imprudência agirem sozinhos. Todo mundo sabe que em todos os relacionamentos há de haver consenso! Então juntos decidiram... e a partir daquele momento, mente, coração, ventre... e pés seguiriam, juntos.
Toda aquela democracia tinha levado tanto tempo, que já era hora dos pés voltarem a andar... Já tinham se curado, aprendido. Tinham sido acolhidos, amados...perdoados.
E começaram a andar. Nossa! Já haviam até se esquecido de como se faz...  Às vezes um pé ensinava o outro como fazer... Tem que relaxar. E seguir. Preste atenção! Vá devagar, pelo amor de Deus, com calma!
E com paciência, e um pouco doloridos – o recomeço às vezes também é dolorido – eles seguiram, certos de que eram amados... Sentiam-se parte de um time... Iriam todos juntos, pra ganhar ou para perder, não importa, mas todos SEMPRE juntos... E seguiam, um pé após o outro, como tinha que ser...

sábado, 2 de junho de 2012

Portas e janelas

Gaiarsa fala que o amor e a paixão são feitos de um material combustível, fadado a acabar-se. A combustão precisa acontecer e o amor precisa acabar... não tem jeito. Bem, o problema é que às vezes tem um descompasso na quantidade de combustível que cada coração traz para a relação e a coisa acaba para um, mas não para o outro... Ter muito combustível, ou então teimar em viver aquela programação que tudo deve durar  'até a morte os separe' são as razões do sofrimento...
No meu caso, foi  excesso de combustível mesmo... Dava para dar duas voltas ao mundo sem escalas... 
Mas fiquei no meio da estrada... sozinha. Só que  desta vez o meu juízo não estava toldado por inteiro... Santa maturidade ! Afinal, não se chega incólume aos quarenta...E eu pude ver que ao se fechar uma porta, muitas janelas se abriram. O amor pode estar em todos os lugares, e ele vem com várias nuances... várias cores... vários rostos...

A fome pode ser saciada com variados alimentos... e cada sabor é único! E nesse desfile de cores, aromas e texturas... eu sinto um prazer indescritivel... Só agora percebo que vivi todos estes estreitando minha faixa de visão e acalentando a idéia fíxa numa só pessoa, num só relacionamento...

Daí, esta é a primeira vez que vivo isso. Esta alegria de sentir amor vindo por todos os lados, e de sentir profundo amor por mim mesma... Não que o amor que eu perdi não fosse forte -  pois  o era - sei que seria cliché dizer que foi o mais forte da minha vida -  mas o foi. Contudo, depois de perdê-lo caminhei com serenidade e dignidade rumo a Fonte de Acidália, onde a mitólogica Afrodite se banha sempre depois de um amor findo, para se fazer virgem novamente...

Mas, a surpresa desta feita foi que, neste banho, sou acompanhada por ninfas... amadas amigas, meigas, fortes, lindas... uma verdadeira irmandade, irmandArte que me ajuda a banhar-me, me enfeita com flores, me penteia os cabelos e me ajuda com as minhas vestes, para que, refeita, eu possa voltar à Cidade e encontrar um novo amor...

Gratidão a todas as minhas amigas, irmãs, almas afins que encontrei... às quais me liguei e que agora estão  por perto, me nutrindo com amor e cuidados... Gratidão... Agora tudo está no seu lugar certo...








terça-feira, 29 de maio de 2012

Mesmo sofrendo, eu estou inteira...

Ouvi, uma vez, que até os quarenta aguentamos coisas que não queremos, nos permitimos invadir, fazemos o que não gostamos... mas que em algum momento após esta idade, começamos a filtrar as coisas, separar as sementes... e só ficamos com o que é bom, o que nos nutre e nos encanta... mesmo que doa, deixamos o que nos faz sofrer...

Há pouco, senti isso na pele, no útero, no coração... Mas o movimento foi muito orgânico... mesmo triste, com o coração doendo e aos pulos, larguei o que me fazia mal, o que não me nutria... aliás, me sugava as forças... Doeu, sem dúvida... mas me sinto inteira depois de cada palavra dita... cada emoção pesada e explicada... Não mereço, não quero, não preciso.... quero viver, gozar, amar... a mim mesma acima de tudo... sem dramas, sem sofrimentos, sem jogos... Só amar...  Como Drummond disse : Amor é estado de graça, e com amor não se paga...

Minha avó na sua santa sabedoria angariada ao curso de longos anos, dizia com uma inocência quase infantil... "Eu sou de cera, só quero quem me queira..." Lindo isso! Quase um sortilégio... Ao longo destes quarenta e poucos anos descobri que meu amor é muito precioso e quero semeá-lo 'na cachoeira, no eclipse' mas para que vai dar valor a ele... não quero nada em troca. Não é mercantilismo, mas quero respeito, quero prazer, quero alegria e plenitude...

Amor incondicional só funciona na esfera santa da amizade, da irmandade, dos relacionamentos de pais para filhos, ou de filhos para pais... mas não na esfera mundana e simples do amor romântico... não dá... simples assim... é preciso a contrapartida, para ter tesão, entusiasmo, magia... tem que ter terra... carne... contato, uma certa frequência... uma fome... uma coragem... uma vontade...

E... quando uma das partes não banca, não tem coragem de rasgar o coração.. não assume o risco de amar e perder, de viver.... daí o melhor é tomar esta atitude dolorosa... mas se sentir inteira, íntegra e plena...

Não é fácil, não é gostoso... mas é simples e acredite... a melhor coisa a fazer...

Viva a plenitude, o prazer de escolher a si mesmo, em primeiro lugar...

Um brinde .... à  PLENITUDE

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Guerreira que mora aqui dentro...

A Guerreira que habita dentro de cada mulher está cada vez mais forte e nestes tempos turbulentos, e inúmeras vezes  obriga a cada mulher a abdicar um pouquinho de desta porção delicada para arregaçar as mangas e ir à luta.
Conheço meninas para quem isto não é um problema . Elas são esportistas, competitoras, as aventureiras, gerem seus próprios negócios, às vezes fazem do mundo corporativo, o seu palco iluminado.
Mas o meu caso foi diferente...fui forçada a dar à luz esta persona, a forceps, por assim dizer.
Nada muito organico...E com a alma  fica aviltada, fui perdendo e a espontaneidade até que me perdi daquela criança que um dia eu fui...
Compor esta personagem,  transitando com ela com por tanto tempo, acabou deixando imperceptível aos olhos desavisados que se tratava de uma máscara.
Mas aí alguns sinais começam a aparecer sorrateiramente: uma compulsão aqui, uma auto-sabotagem acolá, uma quadro de ansiedade mais adiante, pressão alta, intermináveis noites sem sonhos, até que quase perdi de vista quem eu era....

É que era difícil  não ser a melhor aluna, a mais corajosa...só para continuar sendo a filhinha da mamãe e do papai.... Ou quando não me sentia aceita pelo que eu era, mas pelo que eua fazia...

Demorou um tempo para relaxar... me amar pelo que eu sou... forte ou fraca, corajosa ou covarde... na alegria ou na tristeza... na saúde ou na doença... até a morte... Mas eu finalmente me casei comigo mesma!

Casei a guerreira com a amante... casamento lésbico... totalmente imoral no início. Mas acabou sendo reconhecido... Agora até aceito o meu lado masculino. Aceito até o lado masculino dos homens! INCRÍVEL!

Enfim a Guerreira Prima Dona, deu lugar as outras faces de mim... e agora deflagra menos guerras... só luta as suas batalhas.... e hoje protege a minha menininha como ninguém...

Pois é custou mas valeu... na verdade sempre vale... porque este tipo de batalha, mesmo quando se perde, já se é vencedora...

Sabe quem é sua amiga?



É aquela que te ouve atentamente e não tem medo de falar sobre seus problemas mais intimos...
É aquela de quem você recebe aquele torpedinho dizendo "preciso de um ombro, vem..." e aquela por quem voce vai, sem pensar.
É aquela que te olha nos olhos de um jeito doce a cada palavra que você fala... 
E ri às bandeiras despregadas (?!) quando ouve as narrativas mais absurdas, pois sabe que são tragicomicamente a mais pura verdade...
É aquela que tem mais coisas em comum com você do que você jamais poderia supor...
É aquela que, embora não tenha nascido do ventre da sua mãe, você a ama como se o tivesse.
É acabar de conhecê-la, mas sentir como se ela sempre estivesse presente.
É saber que todo o tempo que você passou sem ela valeu a pena porque agora ela chegou!

Amiga,
Que bom que você chegou!

Seja bem vinda à minha vida!

Sobre a beleza...


Desde o início dos tempos, ansiamos pela beleza... Por ela há sacrifício, fazem-se loucuras... 

Mas o que é a Beleza exatamente? Dizem que ela está nos olhos que a veem, que ela é efêmera e, por isso, não deveríamos nos preocupar com ela... Mas, ela é tão importante, que o sistema capitalista inventou um padrão para limitá-la à uma caixinha tão pequena, que obriga algumas mulheres ao desvario de se mutilarem para caber lá dentro...

Talvez a Beleza seja assim como a Felicidade, que juram que não existe, a não ser em momentos felizes... Será, então que só temos momentos de Beleza? Sei não... Sou uma sonhadora inveterada. Portanto acredito na Felicidade, assim como acredito na Beleza. Posso vê-las nos olhares, nos corpos, nos sorrisos, naquele gesto imprevisto, nos lampejos de juventude e devaneio na idade madura, ou de madureza e lucidez na tenra idade... Nos insights geniais , nos assomos de paixão ou de coragem...

E, sobretudo, há beleza em todos os sinais de humanidade que teimam em aparecer quando o que se espera comportamento rígido, convencional, quase automático...

Dizem também que só se vê a Beleza quando se tem a Beleza... que vemos nossa beleza refletida na beleza dos outros, que só reconhecemos a nossa beleza nas coisas belas... pode ser.

Se assim for, então reconheço a beleza em mim, nos outros, no mundo...na criação e na criatura porque a Beleza não é relativa, é absoluta...

Quando eu era pequena, ouvia as velhas da minha família dizerem... "quem ama o feio, bonito lhe parece..." Então acho que amo... amo muito. Às vezes não me aguento de tanto amar... Daí vejo mais beleza...

Portanto, quero deixar aqui um Manifesto pela Beleza. Não pela busca pela Beleza, mas pelo encontro com a Beleza... Proponho o encontro diário com a Beleza... a pequena, a grande, a nossa, a do outro, a da vida...

Um brinde à Beleza!

Ao amar o mar....




No dia em que fiz amor com o Mar...Eu estava inteira, como lua cheia, cheia de amor, de prazer... era eu e o Mar...eu dentro do Mar, o Mar dentro de mim, num vai e vem, molhado, quente...sob o olhar de Urano, o Pai Céu, do Astro Rei, que acabara de nascer e ria daquela nossa brincadeira... Abençoados por Afrodite...

Era um amor de astros, de natureza, puro e inocente. Integral. Na ausência do mundo, no silêncio absoluto tínhamos a presença do universo - em nós.

E arfando saciados, gozamos o êxtase dos amantes de todas as eras, de todas as épocas..Porque tanto eu, quanto o mar estivemos ali desde sempre... eu, em vários corpos e ele, num só... mas ambos imutáveis e eternos... como nosso Amor!

Como a Fênix...

Vivo, morro e renasço das cinzas todo o tempo... Reconhecendo estes ciclos com mais clareza agora.
Decido manter acordada a chama da minha criatividade, a expressão da minha alma...


Ora escrevendo, ora desenhando, ora dançando, ora batendo o tambor... às vezes quieta... mas sempre inquieta, alerta, com todos os meus sentidos... vou expressar minha alma simplesmente como forma de reverência ao Divino que há em mim...